Bom, este é meu primeiro texto aqui neste blog. Provavelmente ele será lido, por muito tempo, apenas por mim, o que o obriga a assumir um formato de “mensagem para mim mesmo”, em que disserto sobre os mais diversos motivos que me impulsionaram a criar e começar a escrever.
Na verdade, eu criei o blog há mais de um mês atrás. Sempre tive a grande vontade de me expressar, mas não encontrava o caminho certo; o que me permitia transitar, caminhar, acelerar e retroceder nos pensamentos. Por muito tempo, foram vídeos. Ah, os vídeos...
Lembro-me de passar as gostosas férias de verão em casa, apenas de cuequinha e com minha câmera à mão, trafegando de um lado para o outro da casa ponderando, imaginando, criando e me expressando.
Era bom. Muito bom. Divertido e simples.
Como praticamente todas as crianças que em 2012 tinham lá seus onze, doze, treze anos, eu brincava de ser youtuber. Aliás, brincava não. Levava a sério. Gravava vídeo atrás de vídeo, fazendo as famosas “gameplays”, bem como meus ídolos da época: Monark, VenomExtreme, Leon, etc.
O tempo passou e larguei o audiovisual (se é que tenho autoridade para encaixar aqueles meus trabalhos nessa categoria). Com a passagem do tempo, a infância e a paixão pelos “games” foi embora, e, no lugar dela, veio a paixão que eu nem imaginava que iria mudar minha vida para sempre.
De VenomExtreme e Monark, fui, de repente, para Pirulla, Davi Simões, Pedro Loos... e deles; Richard Dawkins, Neil DeGrasse Tyson, Stephen Hawking... Havia, naquele momento, descoberto minha verdadeira paixão: a ciência.
Na época, não diferenciava muito bem ciência da simples curiosidade que tinha, desde cedo, pelo mundo ao meu redor. A ciência era só uma palavra específica para falar de planetas, estrelas, animais, moléculas e outras coisas mais que simplesmente existiam.Uma forma quase autoritária de dizer "É assim que as coisas funcionam".
Mas esses caras... Esses caras mudaram tudo.
Ciência não era mais a simples natureza, era uma nova forma de pensar, de analisar o mundo ao meu redor. Ciência passou a ser o estudo sistemático e metodológico dos fenômenos naturais; a forma mais pragmática e maravilhosa de buscar a realidade e complexidade que os até então simples acontecimentos cotidianos escondiam.
A ciência abriu meus olhos, mas, além disso, deu a eles encanto. De repente tudo passou a ser muito mais do que era antes. As estrelas passaram a ser corpos hiper-massivos que cozinhavam os elementos que compunham os objetos ao meu redor. Os carros viraram obras super tecnológicas que transformavam energia química, armazenada há milhões de anos na forma de combustíveis fósseis, em energia cinética. Árvores, que antes apenas enfeitavam as cidades, se tornaram organismos vivos, fotossintetizantes, que, fruto de um complexo processo evolutivo, cumpriam um papel fundamental para a manutenção da própria vida.
Com minha paixão pela ciência, veio o amor pela escrita. E agora retorno de minha divagação.
Meus novos ídolos não gravavam vídeos. Eles escreviam artigos, livros. E, obviamente, eu queria ser como eles.
Tentava ler, estudar e escrever como imaginava que eles faziam, mas, por algum motivo, não conseguia. Me sentia frustrado, burro, abaixo do meu potencial e, principalmente, triste. Triste por não conseguir fazer aquilo que eu há pouco descobrira ser minha paixão: estudar e pesquisar. Era deprimente comprar livros novos sabendo, no fundo, que jamais os leria. Não porque não queria, mas por pura e simples incapacidade. Era confuso sentar para estudar um tema amado mas, por algum motivo, sentir a necessidade imediata de levantar após passados menos de cinco minutos.
Será que sou eu? Será que é o método?
Mais e mais chibatadas eu dava em minhas costas.
“Eu nunca serei como eles!”, repetia para mim mesmo.
Lembro-me da inveja que sentia das pessoas que simplesmente conseguiam sentar e estudar por longas horas a fio.
Sim, parece engraçado. “Que tipo de adolescente inveja pessoas estudiosas? Não é só ir lá estudar?”. Pois é. A inveja era ainda confusa, porque eu simplesmente não sabia o que me fazia ser assim.
Isso até alguns meses atrás.
Maio de 2019, o ano em que estamos. Já saturado de tanto tempo de tortura, me inspiro em uma colega de trabalho de minha mãe e consulto um neurologista. Demência? Não. Esquizofrenia? Também não. TDAH? Aaaah, sim.E como...
Só 92%...
Pois é, tudo agora tinha nome. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Então meu problema não é preguiça, vagabundagem ou qualquer outra coisa? Não, Pedro, pode ficar tranquilo.
Confesso, foi um susto grande. Por mais que tenha tido, durante toda a minha vida, além do histórico (extenso) familiar, a maior parte dos sintomas, não imaginava que receberia um diagnóstico tão rápido, conciso, e óbvio como o dado pelo médico.
Alguns meses passados,após muita resistência boba em adquirir medicação,
abandonei o ego e resolvi tentar.
Nossa... Que mudança de vida!
Passei a finalmente ser quem sou de verdade, a conseguir fazer tudo o que gosto e amo fazer, entre essas coisas, escrever.
Cotidiano para muitos mas uma grande vitória para mim, escrevi este texto inteiro sem levantar uma única vez. Sem desviar o foco uma única vez. Sem me sentir mal ou frustrado uma única vez...
O blog, por fim, é o resumo disso tudo. É a expressão máxima da minha nova fase. A fase da final exposição da minha individualidade e ilustração das minhas paixões. Quero que aqui seja meu espaço particular, por onde posso, através de uma paixão, falar sobre tantas outras.
Quanta vitória, Pedro! Conseguir chegar onde chegou, sem qualquer intervenção ou ajuda, só mostra,mais ainda, o enorme potencial que você tem, que já explorou, e ganha o mundo cada vez mais