As baleias francas (Eubalaena) são um gênero de cetáceos caracterizados pela cabeça grande, cor preta e boca em forma de arco. Engloba três espécies principais: Baleia Franca Austral (Eubalaena australis) , Baleia Franca do Pacífico (Eubalaena japonis) e Baleia Franca do Atlântico Norte (Eubalaena glacialis). Essas últimas têm causado certo alvoroço no país dos ursos bem educados comedores de maple syrup por terem mudado sua rota familiar de migração, incluindo no trajeto o Golfo de St.Lawrence, importante ponto de pesca e comércio marítimo do Estado.
Baleia Franca do Atlântico Norte (Eubalaena glacialis) pulando
A história desses animais remonta ainda ao século XVIII, quando baleeieiros ainda eram essênciais para a sociedade comum. Pelas suas características físicas, era comum que boiassem depois de abatidas, o que, pela facilidade evidente, atraia muito a atenção daqueles profissionais. Essa particularidade, inclusive, influenciou em batismo: Right Whales - “baleias certas”, “certeiras”, em tradução livre. Como esperado, a população rapidamente caiu, dificultando o acesso e provocando a transição dos pescadores para outros cetáceos. Mesmo séculos depois, os danos permanecem. Antes aparecendo em todo o atântico norte, desapareceram do litoral europeu, ocorrendo apenas na costa americana e, inclusive, com o status de “em perigo” em relação à extinção.
A rota tradicional seguida pelos animais partia da Flórida, onde reproduziam, até New England, nordeste americano. Há cerca de dois anos,
têm seguido um pouco mais em direção ao norte, entrando no Golfo de St. Lawrence e lá permanecendo até que retornem para o sul. A mudança parece estar relacionada com as mudanças climáticas e o aumento da temperatura dos oceanos, mas mais evidências devem ser buscadas.
O problema principal gira em torno da importância econômica da região, imensamente concentrada de pescadores de crustáceos - cujas cordas embaraçam e prendem os animais - e embarcações cargueiras, que frequentemente chocam-se com os cetáceos. Nos últimos três anos, em torno de trinta animais morreram dessa forma.
A primeira resposta do governo canadense foi o isolamento imediato de regiões onde houvera avistamento das baleias, diminuindo a velocidade máxima das embarcações e proibindo a pesca. A estratégia, entretanto, não demonstrou muito resultado. Feita de forma quase desesperada, acabou restringindo áreas muito extensas com base em poucos avistamentos, o que desacelerou consideravelmente a atividade dos profissionais.
Com o aprendizado, partiram para uma nova abordagem: uma verdadeira patrulha feita pro drones e sondas submarinas. A idéia, que já está sendo executada em escala reduzida, mas têm apresentado resultados consideráveis, consiste em distribuir, por todo o golfo, pequenos equipamentos eletrônicos que, quando submersos, são capazes de detectar a comunicação entre os animais e manifestar à equipe responsável; e drones, responsáveis pelo reconhecimento visual dos animais.
Caso um animal seja detectado por alguma das unidades, é traçado um perímetro no qual não poderá haver atividade pesqueira e transito de embarcações com velocidade elevada pelo período de duas semanas. Caso seja notificada mais uma aparição dentro deste período, aquela mesma região têm sua atividade restrita até o fim do ano ou da temporada de pesca. Essa nova abordagem permite a fiscalização mais dinâmica do comportamento dos animais e uma forma mais eficiente de se coletar dados a respeito dessa migração inédita. É eficiente tanto para os profissionais, tanto para os animais. “A habilidade de se adaptar aos locais das baleias era o que precisávamos” - diz Brett Gilgrish, especialista em pesca.
Apesar da resistência de alguns grupos mais conservadores, a estratégia parece um bom exemplo da harmonia entre preservação ambiental e atividade econômica, trazendo resultados satisfatórios. Inclusive, ano passado, dez filhotes foram avistados, em contraste com nenhum nos dois anos anteriores. Isso significa que a mudança da migração é provavelmente definitiva e mais saudável aos animais - mesmo que seja fruto de mudança climática.
As preocupações com a vida marinha canadense não para por aí, os órgãos executivos têm sido pressionados para promover, até o ano que vem, o uso de cordas mais fracas que facilitem o escape de animais maiores; bem como o próprio extermínio do uso de corda em um futuro mediano em que as redes sejam totalmente submersas e localizadas não por cortas ligadas à boias, mas por equipamentos geolocalizadores eficientes e amigáveis à vida marinha.
O Canadá demonstrou, com maestria, o casamento não impossível entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade, bem como a falta de resistência de contar com a responsabildiade que, primariamente, não era sua- coisa que todos nós deveríamos fazer.
https://www.sciencemag.org/news/2020/02/canada-s-dynamic-plan-protect-endangered-right-whales-rests-robots?utm_campaign=news_daily_2020-02-28&et_rid=643936960&et_cid=3225509
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